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Sumário

Pesquisa sobre jornada de trabalho e qualidade de vida

O Instituto de Pesquisa DataSenado realizou pesquisa de opinião, em parceria com o gabinete da Senadora Soraya Thronicke (Podemos – MS), para ouvir a opinião dos brasileiros a respeito de carga horária, produtividade e qualidade de vida dos trabalhadores do país.

Entre os dias 27 de março e 3 de abril de 2024, 4.330 cidadãos de 16 anos ou mais foram entrevistados por telefone, selecionados por meio de amostragem aleatória estratificada da população brasileira. É importante observar que dentro dessa amostra, 2.821 cidadãos exerciam algum tipo de atividade remunerada e 1.509 não. Dentre os que não exerciam atividade remunerada, 673 afirmaram estar procurando trabalho1. Ressalta-se ainda que as ligações foram feitas para todas as unidades da Federação.

Método

As amostras do DataSenado são totalmente probabilísticas. Nas entrevistas são feitas perguntas que permitem estimar a margem de erro para cada um dos resultados aqui divulgados, calculados com nível de confiança de 95% (Anexos 1, 2 e 3). Dessa forma, não existe uma única margem de erro para toda a pesquisa. Não obstante, considerando todas as estimativas para tabelas simples, sem cruzamentos, tem-se que, em média, a margem de erro observada nas estimativas foi de 2,04%, com desvio padrão de 1,24%. As entrevistas foram distribuídas por todas as unidades da Federação, por meio de ligações para telefones fixos e móveis, com alocação proporcional por estados e Distrito Federal.

Para uma descrição detalhada da metodologia utilizada, vide Método da Pesquisa.

1 Percepção da população em geral sobre a situação do trabalhador no Brasil

Pesquisa nacional realizada em 2024 pelo Instituto de Pesquisa DataSenado mostra que para 48% dos brasileiros a qualidade de vida dos trabalhadores do país é regular. Dentre os que se posicionam nos extremos, 35% avaliam como ruim ou péssima e apenas 16% como boa ou ótima.

Gráfico 1

Para a maioria absoluta dos cidadãos, 67% (112,8 milhões de brasileiros), o principal desafio que os trabalhadores brasileiros enfrentam em relação à qualidade de vida é o valor do salário, seguidos pelo deslocamento e pelas condições de trabalho, cujos resultados são estatisticamente equivalentes entre si, quando consideradas as margens de erro (vide tabela 2 do Anexo 1). A duração da jornada de trabalho, frente aos outros desafios listados na pesquisa, não está entre as principais preocupações do brasileiro, sendo apontada por apenas 5% como um obstáculo à qualidade de vida dos trabalhadores.

Gráfico 2

1.1 Jornada de trabalho reduzida e qualidade de vida

Em que pese a aparente pouca preocupação do brasileiro com a duração da jornada de trabalho, a pesquisa mostra que na opinião da maioria (54%, ou 92,1 milhões de brasileiros), uma carga horária menor iria melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores e que isso ocorreria principalmente por afetar positivamente a saúde mental das pessoas.

Gráfico 3

Observação

Esse gráfico refere-se à opinião da população brasileira em geral, independentemente da situação no mercado de trabalho. Nota-se, contudo, diferenças significativas quando o perfil do trabalhador é cruzado com o tipo de resposta dada, em que trabalhadores vinculados a empresas ou instituições mostram-se mais otimistas com a redução da jornada do que os trabalhadores autônomos ou empresários. Vide tabela 546 do anexo 3 no relatório completo.

Gráfico 4

Dentre os cidadãos e cidadãs que acreditam que a redução da jornada de trabalho pioraria a qualidade de vida dos trabalhadores (9%), a maior preocupação é com a possível diminuição da renda.

Gráfico 5

A preocupação com a renda, portanto, permeia de forma importante a percepção do cidadão sobre as questões relativas ao trabalho. Nesse sentido, quando perguntados se a redução da jornada de trabalho de cinco para quatro dias, sem redução do salário, traria efeitos positivos, negativos ou não faria diferença para o país, cerca de metade dos brasileiros (51%, ou 86,5 milhões de brasileiros) acredita que tal iniciativa seria benéfica.

Gráfico 6

Observação

Esse gráfico refere-se à opinião da população brasileira em geral, independentemente da situação no mercado de trabalho. Nota-se, contudo, diferenças significativas quando o perfil do trabalhador é cruzado com o tipo de resposta dada, em que trabalhadores vinculados a empresas ou instituições mostram-se mais otimistas com a redução da jornada do que os trabalhadores autônomos ou empresários. Vide tabela 548 do anexo 3 no relatório completo.

Se por um lado, há confiança da população de que a redução da jornada traria uma melhoria na qualidade de vida do trabalhador (conforme visto no Gráfico 3) e seria positiva para o país (conforme visto no Gráfico 6), as opiniões se dividem no quesito produtividade. Para 35%, a produtividade aumentaria, para 21% diminuiria e para 40% dos brasileiros a redução de jornada não faria diferença na produtividade do trabalhador.

Gráfico 7

Resultados semelhantes são encontrados na percepção sobre os impactos que a redução de jornada traria para as empresas: para 40% dos cidadãos a redução da jornada de trabalho não afetaria as empresas, para 21% traria lucros e para 33% prejuízos.

Gráfico 8

Observação

Esse gráfico refere-se à opinião da população brasileira em geral, independentemente da situação no mercado de trabalho. Nota-se, contudo, diferenças significativas quando o perfil do trabalhador é cruzado com o tipo de resposta dada, em que trabalhadores vinculados a empresas ou instituições mostram-se mais otimistas com a redução da jornada do que os trabalhadores autônomos ou empresários. Vide tabela 547 do anexo 3 no relatório completo.

Mesmo com essa divisão de opiniões sobre a manutenção da produtividade do trabalhador e sobre os impactos para as empresas, a maior parte dos brasileiros (73%, ou seja, 124,4 milhões de brasileiros) acredita que o governo deveria oferecer incentivos às empresas que adotassem a semana de trabalho de quatro dias.

Gráfico 9

Observação

Esse gráfico refere-se à opinião da população brasileira em geral, independentemente da situação no mercado de trabalho. Nota-se, contudo, diferenças significativas quando o perfil do trabalhador é cruzado com o tipo de resposta dada, em que trabalhadores vinculados a empresas ou instituições mostram-se mais otimistas com a redução da jornada do que os trabalhadores autônomos ou empresários. Vide tabela 549 do anexo 3 no relatório completo.

1.2 Tecnologia e trabalho

Além de questões relativas à jornada de trabalho e à qualidade de vida, a pesquisa abordou também como o avanço na tecnologia tem impactado o mercado de trabalho. A maioria dos brasileiros (60%) acredita que a tecnologia aumentou as oportunidades de emprego, 21% acreditam que reduziu e 16% acreditam que não houve impacto.

Gráfico 10

Questões sobre flexibilização dos regimes de trabalho – presencial, remoto ou híbrido – também foram objeto de estudo e estão apresentadas a seguir, com a percepção das pessoas que estão exercendo atividade remunerada.

2 Percepção da população ocupada sobre a situação do trabalhador no Brasil

A primeira sessão da pesquisa apontou a opinião dos brasileiros e brasileiras de 16 anos ou mais, independentemente de sua situação no mercado de trabalho. Na presente sessão, por outro lado, serão apresentadas as opiniões e percepções apenas dos cidadãos que responderam SIM à pergunta “Atualmente, você realiza algum trabalho remunerado?”. Esse enfoque visa compreender a realidade vivida pelas pessoas que exercem atividade econômica, seja como autônomos, empresários, servidores públicos, celetistas, trabalhadores informais, entre outros.

Nesse sentido, verifica-se que 20% (34,7 milhões) dos brasileiros de 16 anos ou mais trabalham para uma empresa, serviço público ou instituição; 14% (22,9 milhões) trabalham para empregador pessoa física; 21% (35,1 milhões) trabalham por conta própria ou em seu negócio; e 45% (75,6 milhões) não exercem atividade remunerada no momento (esse grupo se divide em desempregados, pessoas fora da força de trabalho e pessoas ocupadas que no momento estão afastadas do seu trabalho, como será mostrado mais a frente).

Gráfico 11

Além dos diferentes tipos de vínculos empregatícios – como por exemplo, emprego formal ou informal; vinculado ao setor público ou ao setor privado; entre outros – e dos diferentes tipos de atividade econômica – empregado ou empregador; autônomo ou empresário; entre outros – dentro da própria Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) há diversos tipos de jornadas de trabalho. Independentemente do tipo de atividade remunerada realizada e do tipo de jornada, a pesquisa evidencia que a maior parte dos trabalhadores brasileiros exerce sua atividade laboral cinco ou mais dias por semana (87%, ou seja, 81,7 milhões de brasileiros) e oito horas ou mais por dia (77%, o que equivale a 71,1 milhões de brasileiros).

Gráfico 12

Gráfico 13

A pesquisa evidencia também que o regime presencial é majoritário no país, sendo que 83% (77,9 milhões de brasileiros) dos trabalhadores brasileiros afirmam exercer suas atividades laborais de maneira presencial e apenas 15% em regime remoto ou híbrido. Dentre os que precisam se deslocar para o trabalho, cerca de 20% levam 30 minutos ou menos, considerando a ida e a volta de casa para o trabalho, e 14% levam três horas ou mais. Entre esses dois extremos, nota-se que 23% dos trabalhadores brasileiros gastam entre 30 e 59 minutos no trânsito diariamente; 25% entre uma hora e uma hora e cinquenta e nove minutos e 15% entre duas e duas horas e cinquenta e nove minutos por dia em deslocamento.

Gráfico 14

Gráfico 15

Observação

Esse gráfico refere-se à declaração dos trabalhadores em geral. Nota-se que 24% dos trabalhadores brasileiros que vivem em cidades com mais de 500 mil habitantes levam três horas ou mais se deslocando de casa para o trabalho. Vide tabela 264 do anexo 2 no relatório completo.

As percepções do trabalhador brasileiro a respeito de temas como colegas, chefia, carga horária, salário, instalações físicas, tempo de deslocamento e nível de estresse também foram abordadas pelo levantamento do DataSenado. Mais da metade dos trabalhadores brasileiros avaliam como bons ou ótimos seus trabalhos em relação aos colegas (67%) e à chefia (64%)2. Já o salário e o nível de estresse são os quesitos com pior avaliação, sendo considerados como ótimos ou bons por 40% e 30% dos brasileiros que exercem alguma atividade remunerada, respectivamente.

Gráfico 16

Observação

Esse gráfico refere-se à opinião dos trabalhadores em geral. Nota-se que trabalhadores brasileiros com cargas horárias mais curtas avaliam melhor o seu trabalho em relação à carga horária. o mesmo se verifica em relação ao tempo de deslocamento. Tempos mais curtos de deslocamento, implicam em maior nível de satisfação com a carga horária e menor nível de estresse. Vide tabelas 558 a 560 do anexo 3 no relatório completo.

Gráfico 17

Gráfico 18

Para aprofundar a compreensão sobre a situação dos trabalhadores no país, a pesquisa avaliou a percepção deles sobre a própria saúde física, mental e psicológica e sua relação com o trabalho. Verificou-se que 49% avaliam que o trabalho tem impactos negativos na saúde física (45,8 milhões de brasileiros) e 45% na saúde mental (42,4 milhões de brasileiros).

São altos também os índices de trabalhadores do país que reportam ter dificuldade para dormir por causa das preocupações com o trabalho (42%) e ter dificuldade em conciliar responsabilidades familiares com as demandas do trabalho (45%). A boa notícia é que 66% dos trabalhadores brasileiros se sentem valorizados no trabalho (62 milhões de brasileiros) e 63% consideram ter flexibilidade de horário (59,1 milhões de brasileiros).

Gráfico 19

Observação

Esse gráfico refere-se à opinião dos trabalhadores em geral. Nota-se que trabalhadores brasileiros que classificam seu trabalho como “péssimo” em relação ao nível de estresse, tem mais dificuldades em conciliar responsabilidades familiares com as demandas do trabalho; não tem tempo suficiente para fazer as coisas que gostam; afirmam não ter flexibilidade no trabalho, se sentem menos valorizados no trabalho, se sentem desmotivados e relatam mais impactos negativos na saúde física e mental. Vide tabelas 550 a 557 do anexo 3 no relatório completo.

2.1 Flexibilização dos modelos de trabalho e tecnologia

A tradição de trabalhar cinco dias por semana tem suas raízes em diversos fatores socioeconômicos e organizacionais. Nota-se, contudo, que com o avanço da tecnologia e a busca por maior qualidade de vida no trabalho, várias empresas estão adotando horários flexíveis, modalidades de trabalho remoto e outros formatos alternativos. Nesse sentido, o levantamento mostra que, entre os trabalhadores brasileiros que afirmaram trabalhar presencialmente ou em regime híbrido (vide Gráfico 14), 26% afirmam que, se autorizado pela chefia, o tipo de trabalho realizado poderia ser feito à distância e 72% que não.

Gráfico 20

A adoção de uma jornada semanal de trabalho de quatro dias tem sido debatida por diversos países e algumas empresas no Brasil estão testando o modelo. A iniciativa busca promover a produtividade e a satisfação dos trabalhadores. Quando perguntados sobre o tema, 85% (83,2 milhões de brasileiros) dos trabalhadores brasileiros afirmam que teriam mais qualidade de vida, caso tivessem um dia livre a mais por semana sem redução no salário e 78% acreditam que conseguiriam manter a mesma qualidade de trabalho. A confiança na produtividade, por outro lado, cai para 68% quando se pergunta se com a redução da jornada, o trabalhador conseguiria fazer a mesma quantidade de trabalho e 30% dos trabalhadores do país acreditam que a redução da jornada implicaria em uma sobrecarga de trabalho.

Sobre o usufruto do tempo livre conquistado com a redução da jornada, 40% (37,7 milhões de brasileiros) dos trabalhadores brasileiros afirmam que usariam o dia livre para dedicar tempo à família, 17% para cuidados com a própria saúde e 16% para procurar capacitações. Fazer renda extra seria a preferência para 11% dos trabalhadores brasileiros, seguido por praticar atividade física e realizar atividades de lazer que, estatisticamente empatados quando consideradas as margens de erro, atingem respectivamente 8% e 6% (vide tabela 27 do Anexo 1 no relatório completo).

Gráfico 21

Gráfico 22

Parcela significativa dos trabalhadores brasileiros (71%, ou seja, 66,3 milhões de brasileiros) acredita que o avanço da tecnologia melhorou as condições de trabalho e, para 19%, não houve alteração.

Gráfico 23

3 Percepção das pessoas em situação de desemprego

Para classificar os entrevistados de acordo com a sua situação no mercado de trabalho, primeiramente foi perguntado se atualmente a pessoa entrevistada realizava algum tipo de trabalho remunerado (vide Gráfico 11). Entre as pessoas que responderam que não, perguntou-se o motivo de a pessoa não estar realizando trabalho remunerado no momento. A partir dessa segunda pergunta, a pesquisa mostra que 9% dos brasileiros de 16 anos ou mais (7,1 milhões de brasileiros) que não exercem atividade remunerada se declaram desempregadas.

Contudo, essa autodeclaração somente se confirma para 5% dos brasileiros (vide Gráfico 24), uma vez que o IBGE considera como desempregados (ou desocupados) apenas as pessoas que não exercem atividade remunerada mas que estão procurando emprego. Os brasileiros que não são economicamente ativos e que não estão procurando emprego representam o grupo das pessoas fora da força de trabalho, juntamente com donos(as) de casa, estudantes, aposentados(as) e pensionistas, somando assim, ainda de acordo com o IBGE, 36% da população brasileira com 16 anos ou mais estava fora da força de trabalho no 4° trimestre de 2023.

Gráfico 24

Gráfico 25

Dentre as pessoas em situação de desemprego, 41% estão procurando trabalho a mais de um ano (8,7 milhões de brasileiros), 24% entre seis meses e um ano (5,0 milhões de brasileiros) e 27% entre um mês e seis meses (5,8 milhões de brasileiros).

Gráfico 26

Quando perguntados sobre a maior dificuldade ao procurar emprego atualmente, 28% (5,9 milhões de brasileiros) apontam a falta de experiência; 24% (5,1 milhões de brasileiros), poucas vagas de emprego; 23% (4,9 milhões de brasileiros), falta de formação; e 17% (3,6 milhões de brasileiros), muita concorrência.

Gráfico 27

Gráfico 28

4 Perfil

Método da pesquisa

A pesquisa teve como população-alvo cidadãos de 16 anos ou mais, residentes no Brasil. Os participantes foram selecionados via Amostragem Aleatória Estratificada3 por unidade da Federação (UF). A amostra total foi composta por 4.330 entrevistas. O questionário foi do tipo estruturado, com questões objetivas.

A coleta de dados foi feita por meio de entrevistas telefônicas assistidas por computador - CATI (Computer-Assisted Telephone Interviewing). Nesse método, o entrevistador segue um roteiro que é disponibilizado em computador e composto por questionário estruturado, com questões objetivas e orientações para a condução da entrevista. Essa estrutura visa eliminar possíveis vieses, bem como maximizar a aderência dos cidadãos contatados à pesquisa.

Os números de telefone usados nas discagens foram selecionados aleatoriamente, respeitando o delineamento amostral a partir de cadastro disponibilizado pela Anatel, onde constam todos os números habilitáveis do país. As quantidades de números fixos e móveis sorteados na amostra foram estabelecidas de forma a garantir que, por UF, a probabilidade de sorteio de qualquer número fosse a mesma, independente de se tratar de telefone fixo ou móvel.

Para compor a amostra, foram realizadas ligações telefônicas para todo o país. Atendido o telefone, e após verificar se o(a) entrevistado(a) pertencia à população-alvo, o entrevistador solicitava autorização para realizar a pesquisa.

Foram auditadas 24,4% das entrevistas, verificando itens como cordialidade, leitura fluente, marcação correta das respostas, não direcionamento das respostas, dentre outros aspectos de qualidade e imparcialidade durante a aplicação da pesquisa.

No cômputo dos resultados, foi aplicada técnica de ponderação para pesquisas com amostra complexa, que leva em conta três aspectos: não resposta, probabilidade de seleção dos(as) entrevistados(as) e características sociodemográficas da população-alvo. Estes aspectos foram considerados na ponderação por meio do cálculo de três fatores, que, juntos, resultaram em peso amostral que permite obter estimativas para a população-alvo da pesquisa.

Primeiro, a estimativa da taxa de resposta por região foi obtida de forma equivalente à Response Rate 1 (RR1) da American Association for Public Opinion Research (AAPOR, 2023, p. 85), a partir de dados referentes às discagens telefônicas coletados no decorrer da pesquisa.

Na sequência, a probabilidade de seleção dos(as) entrevistados(as) foi calculada com base na quantidade de pessoas que compartilhavam a linha discada, na quantidade de linhas de telefone às quais o entrevistado tinha acesso e no total de linhas habilitadas alcançadas na pesquisa em relação ao total de linhas habilitadas no Brasil por UF, segundo as estatísticas mais recentes da Anatel.

Por fim, os pesos foram ajustados para refletirem a proporção da população por Região, segundo as seguintes características demográficas: sexo, idade, escolaridade, raça/cor, condição no mercado de trabalho, porte do município e situação do domicílio. Para tanto, foi utilizado o método rake, considerando a distribuição estimada da população brasileira segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do 4º trimestre de 2023 para as variáveis sexo, idade, escolaridade, raça/cor e situação do domicílio. Já o porte do município foi categorizado segundo os dados do Censo Populacional 2022 do IBGE, e os municípios foram divididos em três categorias: até 50.000 habitantes, de 50.001 a 500.000 habitantes e mais de 500.000 habitantes.

Para análise dos resultados da pesquisa, cada estimativa divulgada no relatório é acompanhada das respectivas margens de erros (Anexos 1 e 2), calculadas com nível de confiança de 95%. Dessa forma, não existe uma única margem de erro para toda a pesquisa, prática usual, embora imprecisa, em pesquisas que não são totalmente probabilísticas. Não obstante, a média das margens de erro das estimativas gerais foi de 2,04 pontos percentuais, com desvio padrão de 1,24 pontos percentuais.

Os percentuais foram arredondados de maneira que, para números com decimal menor que 0,5, foi mantida a parte inteira; e para números com decimal maior ou igual a 0,5, adicionou-se uma unidade à parte inteira do número. O uso dessa metodologia de arredondamento faz com que, em alguns casos, a soma dos percentuais de gráficos e de algumas colunas das tabelas seja diferente de 100%, para mais ou para menos, sem que isso implique em erro de cálculo. Pelo mesmo motivo, o campo ‘Amostra ponderada’ pode diferir da ‘Amostra realizada’ sem que se trate de erro.

Classificação dos entrevistados

A partir de perguntas chaves, as pessoas entrevistadas foram classificadas em três grandes grupos segundo sua condição no mercado de trabalho: pessoas ocupadas, pessoas desocupadas e pessoas fora da força de trabalho, conforme demonstrado no fluxograma abaixo:

Com isso, das 4.330 entrevistas, 2.821 foram consideradas como pessoas ocupadas, 560 como pessoas desocupadas e 949 como pessoas fora da força de trabalho.

Referências bibliográficas

  • BOLFARINE, H.; BUSSAB, W. de O. Elementos de amostragem. Ed. Edgard Blucher. São Paulo, 2005.
  • CONSULTORIA LEGISLATIVA. Nota Informativa Nº 3.869, DE 2023. Senado Federal, 2023.
  • HEERINGA, S. G., BRADY, T. W., e PATRICIA, A. B. Applied survey data analysis. CRC press, 2017.
  • IBGE, disponível em < https://www.ibge.gov.br/explica/desemprego.php> [s.d.]
  • KISH, L. Survey sampling. Ed. John Wiley & Sons. New York, 1965.
  • THE AMERICAN ASSOCIATION FOR PUBLIC OPINION RESEARCH. Standard definitions: Final dispositions of case codes and outcome rates for surveys, 9th edition. 2016.

Footnotes

  1. O IBGE classifica a população em idade de trabalhar, ou seja, pessoas com 14 anos ou mais, em três grandes grupos: Ocupados; desocupados e fora da força de trabalho. Para o instituto, são consideradas ocupadas as pessoas que exercem atividade remunerada, incluindo as informais, e desocupadas as pessoas que estão procurando emprego. Já as pessoas fora da força de trabalho potencial são “as donas de casa que não trabalham fora, adolescentes em idade escolar, aposentados e outras pessoas que não têm interesse ou condições de trabalhar” (IBGE).↩︎

  2. Questão respondida por quem declarou trabalhar para uma empresa, serviço público, instituição ou para um empregador pessoa física.↩︎

  3. Delineamento amostral que ‘consiste na divisão de uma população em grupos (chamados estratos) segundo alguma(s) característica(s) conhecida(s) na população sob estudo, e de cada um desses estratos são selecionada amostras em proporções convenientes’ (BOLFARINE e BUSSAB, 2005, p. 93).↩︎