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Sumário

Panorama Político 2024 - Notícias falsas e Democracia

O Instituto de Pesquisa DataSenado realizou a 21ª edição de sua pesquisa nacional, que tem série histórica aplicada desde 2008, tendo entrevistado mais de 55 mil cidadãos ao longo dos anos.

Esta edição do Panorama Político, comemorativa dos 20 anos do Instituto DataSenado, representa um marco importante, pois, é a primeira a realizar estimativas também por unidade da Federação, reforçando a representação parlamentar federativa do Senado Federal.

A pesquisa avalia a opinião dos brasileiros para indicar possíveis prioridades para a atuação parlamentar e quantificar percepções em relação à democracia brasileira; ao desempenho do parlamento; e aos principais temas em debate no país, inclusive aqueles que se inserem no contexto de eleições, como o impacto de notícias falsas, destaque nacional desta edição.

O objetivo é subsidiar comissões e parlamentares com dados objetivos e representativos da opinião dos brasileiros, neste momento em que novos desafios se impõem ao Congresso Nacional.

A pesquisa foi realizada entre 5 e 28 de junho, quando foram entrevistados, por telefone, 21.808 cidadãos, em amostra representativa da opinião da população brasileira, ou seja, de quase 170 milhões de pessoas (169.840.184) com 16 anos ou mais.

Método

As amostras do DataSenado são totalmente probabilísticas. Nas entrevistas, são feitas perguntas que permitem estimar a margem de erro para cada um dos resultados divulgados, calculados com nível de confiança de 95%. Dessa forma, não existe uma única margem de erro para toda a pesquisa, aproximação usual em pesquisas que não são totalmente probabilísticas. No entanto, para os dados nacionais, a margem de erro média observada para as respostas, sem considerar os cruzamentos, foi de 1,22 pontos percentuais, com desvio-padrão de 1,37 pontos percentuais. As entrevistas foram distribuídas por todas as unidades da Federação, por meio de ligações para telefones fixos e móveis.

Para uma descrição detalhada da metodologia utilizada, vide Método da Pesquisa.

Introdução

A propagação de notícias falsas em redes sociais está na ordem do dia do Congresso Nacional, sobretudo seus impactos sobre eleições e a respectiva necessidade de contenção e responsabilização. Para subsidiar o parlamento brasileiro, foi dado destaque a este tema nesta 21ª edição do Panorama Político, que celebra os 20 anos do Instituto de Pesquisa DataSenado (datasenado@senado.leg.br).

O estudo desnuda a proporção da população usuária de redes sociais que identifica ter tido acesso a notícias falsas nos últimos seis (6) meses. Também investiga como a sociedade avalia os motivos que levam as pessoas a compartilharem notícias falsas e a dificuldade de se reconhecer quais as notícias são falsas nas redes. Busca compreender ainda o perfil das pessoas que, embora usem redes sociais, não perceberam a ocorrência de notícias falsas em suas redes.

Em outubro de 2024, haverá eleições municipais e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) atualizou suas normas1, regulando o uso das redes sociais e da inteligência artificial, para conter a divulgação de notícias falsas sobre eleições e candidatos. Neste contexto, foi avaliada também a opinião pública sobre o impacto das notícias falsas nas eleições; a necessidade de responsabilização das plataformas de redes sociais; e a importância deste controle das notícias falsas para se garantir uma disputa justa entre os candidatos.

O objetivo foi dar a dimensão do alcance das notícias falsas no país e descobrir como a opinião pública avalia os seus impactos e compreende o papel das plataformas de redes sociais para lidar com a questão. A pesquisa também avalia o apoio popular à regulaçãodas redes sociais para se garantir uma disputa justa nas eleições, pilar da democracia e alicerce do parlamento.

Foram medidos conjuntamente os níveis de satisfação e de apoio à democracia e as preferências políticas da população, pois compõem série histórica do panorama político. Com isso, foi realizada a análise cruzada destas dimensões, revelando o perfil dos diversos subgrupos populacionais em relação a este tema.

Sumário Executivo

Os resultados mostram que 93% da população brasileira utiliza alguma rede social, incluindo aplicativos de mensagens como WhatsApp e Telegram. Este elevado índice de uso é coerente com os dados da PNAD Contínua do IBGE, que também indicam um amplo acesso à internet e à telefonia celular no país.

Entre os usuários de redes sociais, 72% relataram ter acessado notícias que desconfiam ser falsas nos últimos seis meses. Este dado revela que 67% da população com 16 anos ou mais já foi exposta a desinformação, evidenciando um problema significativo que precisa ser abordado. As razões para o compartilhamento dessas notícias são diversas: 31% acreditam que as pessoas o fazem para mudar a opinião dos outros, enquanto 30% acham que o fazem por não saberem que a notícia é falsa.

Identificar notícias falsas é uma tarefa desafiadora para metade dos brasileiros, que considera difícil distinguir informações verdadeiras de falsas nas redes sociais. Esta dificuldade varia regionalmente, com estados como Sergipe (62%), Maranhão (61%) e Rio Grande do Norte (59%) apresentando índices acima da média nacional.

A pesquisa também revela um consenso robusto sobre a necessidade de responsabilização das plataformas de redes sociais. Uma ampla maioria (81%) acredita que essas plataformas devem ser responsáveis por impedir a divulgação de notícias falsas, uma opinião que é praticamente unânime em todos os estados, com exceção de Santa Catarina, onde a concordância é um pouco menor (73%).

O impacto da desinformação em eleições também é uma preocupação central. 81% dos entrevistados afirmam que a disseminação de notícias falsas pode afetar “Muito” os resultados eleitorais. Este dado sublinha a urgência de medidas efetivas para combater a desinformação durante os processos eleitorais, garantindo que as eleições sejam justas e transparentes.

Neste sentido, quase oito em cada dez brasileiros (78%) avaliam como “Muito importante” o controle de notícias falsas nas redes sociais para garantir uma disputa justa nas eleições. Esta forte concordância reflete a percepção de que a integridade eleitoral depende de medidas eficazes contra a desinformação.

Quanto à satisfação com a democracia, a pesquisa mostra que um terço dos brasileiros está insatisfeito, enquanto 47% se consideram “Pouco satisfeitos”. Este nível de insatisfação destaca a necessidade de fortalecer a confiança nas instituições democráticas. No entanto, dois terços da população (66%) acreditam que a democracia é sempre a melhor forma de governo, especialmente entre aqueles com maior escolaridade e entre os que identificam a circulação de notícias falsas em suas redes sociais.

Em conclusão, a pesquisa do DataSenado evidencia a crescente preocupação dos brasileiros com a disseminação de notícias falsas e a percepção dos impactos na democracia. Esclarece também o respaldo da opinião pública na cobrança de responsabilidade das plataformas de redes sociais em sua contenção e o apoio para uma regulamentação eficaz no contexto eleitoral.

Acesso a notícias falsas e seus impactos

Neste bloco foram investigados a incidência do acesso a notícias falsas pela população brasileira, a dificuldade na identificação destas notícias, os impactos sobre eleições e a necessidade de responsabilização de plataformas e de regulação para adequada contenção.

Ampla maioria usa redes sociais

O primeiro passo desta investigação foi descobrir qual proporção da população brasileira usa alguma rede social, incluindo aplicativos de mensagens como Whatsapp ou Telegram, correspondendo a 93% (158.190.615 pessoas), a ampla maioria.

Este número está em linha com o resultado da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD)2, módulo Tecnologia da Informação e Comunicações (TIC), que indica que 98% das pessoas possuem acesso à telefonia celular e que 91,5% dos domicílios brasileiros possuem acesso à internet.

Gráfico 1

Enquanto São Paulo, Distrito Federal, Roraima e Paraná têm proporções de pessoas que fazem uso das redes sociais superiores à média nacional, consideradas as margens de erro, apenas Rio Grande do Sul e Piauí têm proporções inferiores a este patamar.

Gráfico 2

Sete em cada dez usuários já receberam notícias falsas

Entre os usuários de redes sociais, mais de sete em cada dez (72% ou 113.436.649 pessoas) afirmam ter tido acesso a notícias que desconfiam ser falsas nos últimos 6 meses, enquanto 27% (43.487.423 pessoas) não identificaram este tipo de notícia em suas redes.

Isso implica que a maioria (67%) da população com 16 anos ou mais já recebeu notícias falsas, número que aproxima os 59% da população com 18 anos ou mais recém-publicado pela pesquisa Observatório Febraban3, de julho de 2024.

Gráfico 3

Apenas os estados do Tocantins (64%) e da Bahia (62%) têm uma proporção de pessoas inferior a este patamar nacional, consideradas as margens de erro.

Gráfico 4

Quase um terço opina que as pessoas querem mudar a opinião dos outros ao compartilhar notícias falsas

Na opinião dos brasileiros que tiveram acesso a notícias que desconfiam que sejam falsas, quase um terço (31% ou 34.960.274 pessoas) acredita que “as pessoas querem mudar a opinião dos outros” ao compartilharem uma notícia falsa nas redes sociais, patamar semelhante, considerada a margem de erro, aqueles que acreditam que as pessoas compartilham estas notícias por não saberem que a notícia é falsa (30% ou 33.994.970).

O terço restante se divide entre aqueles que acreditam que as pessoas confiam em quem mandou a notícia para elas (15% ou 16.824.207) e aqueles que acreditam que as pessoas compartilham as notícias por representar o que elas pensam (13% ou 15.123.710).

Gráfico 5

Apenas a população do Amazonas tem uma maior crença (41%), consideradas as margens de erro, de que as pessoas “Querem mudar a opinião dos outros” ao compartilharem notícias falsas nas redes sociais.

Gráfico 6

Gráfico 7

Metade dos usuários considera difícil identificar notícias falsas nas redes sociais

Quando questionados se acham fácil ou difícil saber quais notícias são falsas nas redes sociais, metade dos brasileiros que acessaram notícias falsas (50% ou 56.274.612 pessoas) considera ser difícil avaliar se uma notícia é falsa ou verdadeira, enquanto outros 46% (52.301.136) consideram fácil realizar esta verificação.

Gráfico 8

Em relação ao grupo que considera ser “Difícil”, Sergipe (62%), Maranhão (61%) e Rio Grande do Norte (59%) possuem proporções acima da média nacional, consideradas as margens de erro, enquanto apenas Santa Catarina (41%) têm proporções abaixo deste patamar, também observadas as margens de erro.

Gráfico 9

Plataformas de redes sociais devem ser responsabilizadas pelo que divulgam

Para a ampla maioria dos brasileiros (81% ou 91.943.650 pessoas) que teve acesso a notícias falsas nos últimos 6 meses, as plataformas de redes sociais deveriam ser responsáveis por impedir sua divulgação, enquanto 18% (20.146.445) acreditam que não deveriam ser responsáveis por isto.

Gráfico 10

Santa Catarina é o único ente federado onde a concordância (73%) com a responsabilização das plataformas de redes sociais na contenção de notícias falsas é menor do que esta média nacional, consideradas as margens de erro.

Gráfico 11

Desinformação pode afetar muito o resultado das eleições

Questionados sobre o quanto a divulgação de notícias falsas pode afetar o resultado das eleições, oito em cada dez (81% ou 91.469.247) brasileiros, que tiveram acesso a notícias falsas, acreditam que pode afetar “Muito” o resultado das eleições. O restante acredita que pode afetar “Pouco” (11% ou 12.744.440) ou “Nada” (6% ou 6.886.415).

Gráfico 12

A ampla percepção do forte impacto das notícias falsas no resultado de eleições é transversal pelo país e equivalente, consideradas as margens de erro, entre todos os estados e o distrito federal.

Gráfico 13

Por eleições justas, ampla maioria defende o controle das notícias falsas

Quando questionados quão importante é o controle das notícias falsas nas redes sociais para garantir uma disputa justa nas eleições, novamente quase oito em cada dez (78% ou 88.856.973) brasileiros que tiveram acesso a notícias falsas avaliam ser “Muito importante”, enquanto 9% (10.576.763 pessoas) consideram “Pouco importante” e 10% (11.104.778) “Nada importante”. Esta percepção de importância é transversal e equivalente, consideradas as margens de erro, em todo território nacional.

Gráfico 14

O resultado é reforçado pela ampla concordância (88%) da população com a punição de candidatos que façam uso ou se beneficiem de notícias falsas, segundo dados publicados pelo Observatório da Febraban4.

Gráfico 15

Apoio à democracia e polarização política

Neste bloco foram investigados o apoio à democracia, a relação das notícias falsas sobre esta percepção e o nível de polarização política da população brasileira, inclusive em relação à regulação das notícias falsas nas redes sociais.

Um terço está insatisfeito com a democracia

Quando questionados sobre “qual o seu nível de satisfação com a democracia no Brasil”, um terço (33% ou 55.566.137 pessoas) diz estar “Nada satisfeito” enquanto 47% (79.135.892 pessoas) se consideram “Pouco satisfeitos” e 16% (27.534.287) “Muito satisfeitos”.

Gráfico 16

Apenas os resultados do Paraná têm proporção de insatisfação (40%) com a democracia acima da média nacional, consideradas as margens de erro.

Já a proporção daqueles com algum nível de satisfação com a democracia, ou seja, os que se consideram “Muito” e “Pouco” satisfeitos, apenas o Maranhão, com 71%, está acima da média nacional (63%), enquanto apenas o Mato Grosso (54%) está abaixo deste patamar, consideradas as margens de erro.

Gráfico 17

Gráfico 18

Dois terços apoiam a democracia

Quando solicitados a avaliar “qual frase melhor descreve a sua opinião”, entre frases que revelam a preferência por governos democráticos ou autoritários, dois terços da população brasileira (66% ou 111.825.939 pessoas) acreditam que “A democracia é sempre a melhor forma de governo”, enquanto 15% (25.762.104 pessoas) escolhem a opção mais autoritária, “Em algumas situações, um governo autoritário é melhor”, e apenas 10% (16.517.157) mostram alguma indiferença, optando por “Tanto faz ter um governo democrático ou governo autoritário”.

Gráfico 19

O Distrito Federal (75%), Rio de Janeiro (74%) e Tocantins (73%) apresentam os maiores níveis de apoio à democracia, acima da média nacional (66%), consideradas as margens de erro.

Gráfico 20

Apoio à democracia é maior entre brasileiros que identificam notícias falsas

Explorando a associação entre o apoio à democracia e a percepção de exposição a notícias falsas, nota-se que, entre aqueles que disseram ter tido acesso a notícias que desconfiam ser falsas nos últimos 6 meses, 70% acreditam que a “A democracia é a melhor forma de governo” contra 58% entre aqueles que dizem não ter tido acesso a estas notícias.

Esta redução é compensada por um aumento da apatia em relação à forma de governo, visto que há um aumento de 8% para 14% entre aqueles que dizem que “Tanto faz ter um governo democrático ou um governo autoritário”, bem como um aumento daqueles que não quiseram responder.

Gráfico 21

Em relação a satisfação com a democracia, há aumento dos poucos satisfeitos, de 45% para 52%, entre os que consideram “Difícil” saber quais notícias são falsas nas redes, embora não se note diferença significativa nos demais níveis de satisfação.

Gráfico 22

Nível de escolaridade influencia o apoio à democracia

Os níveis de escolaridade da população brasileira ainda são baixos, dado que 28% (47.889.132 pessoas) são analfabetos ou têm até o ensino fundamental incompleto, 16% (26.836.339) têm o ensino fundamental completo, 33% (55.390.681) têm o ensino médio completo e 23% (39.724.032) o ensino superior completo.

O apoio à democracia e a dificuldade em identificar notícias falsas nas redes se associam com estes níveis, conforme os dados a seguir.

Gráfico 23

Preferência por governo autoritário é maior até o fundamental completo

Entre os entrevistados que possuem ensino superior completo o apoio à democracia como melhor forma de governo atinge 83%, enquanto apenas 9% consideram que em algumas situações um governo autoritário é melhor.

Já entre aqueles com escolaridade até o ensino fundamental incompleto, apenas 50% apoiam a democracia e até 17% têm preferência por um governo autoritário, em algumas situações. Entre os que têm o fundamental completo esta proporção avança para 20%.

É importante destacar que o conceito de democracia foi previamente informado aos entrevistados, da seguinte forma:

Democracia é a forma de governo onde as pessoas escolhem representantes eleitos por meio do voto para elaborar leis e governar.

Gráfico 24

Baixa escolaridade torna mais difícil identificar notícias falsas

Um menor nível de escolaridade torna mais difícil se identificar notícias falsas nas redes sociais, visto que 63% daqueles com escolaridade até o fundamental incompleto consideram difícil saber quais notícias são falsas nas redes sociais, enquanto 39% informam esta dificuldade entre os que possuem ensino superior completo.

Gráfico 25

Polarização política não é tão ampla

Ao investigar o posicionamento político dos brasileiros entre “Centro”, “Direita”, “Esquerda” ou “Nenhuma das anteriores”, 40% (68.189.446 pessoas) se declaram como “Nenhuma das anteriores”, 29% (48.869.676) como de “Direita”, 15% (24.633.022) de “Esquerda” e 11% (18.244.885) de “Centro”, mostrando que a polarização política, embora exista, não atinge a maioria dos brasileiros.

Não obstante, os polos apresentam diferença de opinião sobre como lidar com notícias falsas, apresentada a seguir.

Gráfico 26

Responsabilização de redes sociais é um tema polarizado

Embora a responsabilização das plataformas de redes sociais pela contenção da divulgação de notícias falsas seja um tema com amplo apoio nacional (81%), há diferenças por posicionamento político.

Enquanto 95% daqueles que se declaram de esquerda apoiam a medida, apenas 65% dos que se declaram de direita também o fazem.

Nos que se declaram de centro (80%) e entre aqueles que não têm posicionamento demarcado por estes grupos (86%), o apoio é equivalente à média nacional, consideradas as margens de erro.

Gráfico 27

Perfil da população de pessoas com 16 anos ou mais

As amostras do DataSenado são proporcionais e representativas da população brasileira. Desta forma, para esta pesquisa, este é o perfil da população brasileira com 16 anos ou mais:

Gráfico 28

Gráfico 29

Gráfico 30

Gráfico 31

Gráfico 32

Gráfico 33

Gráfico 34

Gráfico 35

Gráfico 36

Gráfico 37

Método da pesquisa

A pesquisa teve como população-alvo cidadãos de 16 anos ou mais, residentes no Brasil. Os participantes foram selecionadas por meio de Amostragem Aleatória Estratificada5 por unidade da Federação (UF). Os estratos foram definidos como sendo os 26 estados e o Distrito Federal. A alocação foi uniforme por estrato. A amostra total foi composta por 21.870 entrevistas, com cerca de 810 em cada estrato.

A coleta de dados foi feita por meio de entrevistas telefônicas via CATI (Computer Assisted Telephone Interviewing). Nesse método, o entrevistador segue um roteiro que é disponibilizado em computador e composto por questionário estruturado, com questões objetivas e orientações para a condução da entrevista. Essa estrutura visa eliminar possíveis vieses, bem como maximizar a aderência dos cidadãos contatados à pesquisa. A duração média das entrevistas foi de 13 minutos.

Os números de telefone usados nas discagens foram selecionados aleatoriamente, respeitando o delineamento amostral a partir de cadastro de números habilitáveis disponibilizado pela Agência Nacional de Telecomunicações - Anatel. As quantidades de números fixos e móveis sorteados na amostra foram estabelecidas de forma a garantir que, por estrato, a probabilidade de sorteio de qualquer número fosse a mesma, independente de se tratar de telefone fixo ou móvel.

Para compor a amostra, foram realizadas ligações telefônicas para todo o país. Atendido o telefone e, após verificar se o entrevistado pertencia à população-alvo, o entrevistador solicitava autorização para realizar a pesquisa.

Foram auditadas 20,68% das entrevistas, verificando itens como cordialidade, leitura fluente, marcação correta das respostas, não direcionamento das respostas, dentre outros aspectos de qualidade e imparcialidade durante a aplicação da pesquisa.

No cômputo dos resultados, foi aplicada técnica de análises de pesquisas com amostras complexas, que leva em conta três aspectos: taxas de respostas, probabilidades de seleção dos entrevistados e características sociodemográficas da população-alvo. Estes aspectos foram considerados na ponderação por meio do cálculo de três fatores, que, juntos, resultaram em peso amostral que permite obter estimativas para a população-alvo da pesquisa.

As estimativas das taxas de respostas, calculadas por estrato e tipo de telefonia, foram obtidas de forma equivalente à Response Rate 1 (RR1) da American Association for Public Opinion Research (AAPOR, 2023, p. 85-86), a partir dos metadados das discagens telefônicas, coletados no decorrer da pesquisa.

A probabilidade de seleção dos entrevistados foi calculada com base na quantidade de pessoas que compartilhavam cada uma dessas linhas e no total de linhas habilitadas alcançadas na pesquisa em relação ao total de linhas habilitadas no Brasil por UF, segundo as estatísticas mais recentes da Anatel.

Nos resultados nacionais, os pesos foram ajustados para refletirem a proporção da população por estrato, segundo as seguintes características sociodemográficas: sexo, raça/cor, idade, situação do domicílio (rural ou urbana), porte do município, condição de ocupação e escolaridade. Para tanto, foi utilizado o método rake, considerando:

  1. para as informações de sexo, raça/cor, idade, situação do domicílio, condição de ocupação e escolaridade: a distribuição da população brasileira de pessoas com 16 anos ou mais, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do 1º semestre de 2024;
  2. porte do município: a divisão, segundo os dados do Censo Populacional 2022, em três categorias: até 50.000 habitantes, de 50.001 a 500.000 habitantes e mais de 500.000 habitantes.

Quanto às margens de erro da pesquisa, o uso do método acima permitiu calcular a margem de erro de cada uma das milhares de estimativas divulgadas no relatório. O nível de confiança utilizado nesses cálculos foi de 95%. Dessa forma, não existe uma única margem de erro para toda a pesquisa. Não obstante, considerando todas as estimativas para tabelas simples, sem cruzamentos, tem-se que, em média, a margem de erro observada foi de 1,22 pontos percentuais, com desvio padrão de 1,37 p.p..

Os percentuais foram arredondados seguindo o seguinte critério: para números com decimal menor que 0,5, foi mantida a parte inteira; e para números com decimal maior ou igual a 0,5, adicionou-se uma unidade à parte inteira do número. O uso desse método de arredondamento faz com que, em alguns casos, a soma dos percentuais de gráficos e de algumas colunas das tabelas seja diferente de 100%, para mais ou para menos, sem que isso implique em erro de cálculo.

Footnotes

  1. Resolução Nº 23.732, de 27 de fevereiro de 2024 (https://www.tse.jus.br/legislacao/compilada/res/2024/resolucao-no-23-732-de-27-de-fevereiro-de-2024)↩︎

  2. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/trabalho/17270-pnad-continua.html)↩︎

  3. Pesquisa observatório Febraban, publicada em julho de 2024 (https://portal.febraban.org.br/pagina/3284/48/pt-br/pesquisa-observatorio)↩︎

  4. Pesquisa observatório Febraban, publicada em julho de 2024 (https://portal.febraban.org.br/pagina/3284/48/pt-br/pesquisa-observatorio)↩︎

  5. Delineamento amostral que ‘consiste na divisão de uma população em grupos (chamados estratos) segundo alguma(s) característica(s) conhecida(s) na população sob estudo, e de cada um desses estratos são selecionada amostras em proporções convenientes’ (BOLFARINE e BUSSAB, 2005, p. 93).↩︎